“Missão Impossível e a ameaça da IA: um thriller atual e impactante”

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“Missão Impossível – O Acerto Final” é o oitavo capítulo da icônica franquia estrelada por Tom Cruise, e mais uma vez comprova a vitalidade e a capacidade de reinvenção da saga. Sob a direção habilidosa de Christopher McQuarrie, o filme se consolida como uma das experiências mais empolgantes do cinema de ação contemporâneo, mas também se aventura em reflexões mais profundas sobre tecnologia, poder e humanidade.

Desde a sua sequência de abertura, fica claro que este é um filme que não pretende apenas repetir a fórmula de perseguições, disfarces e lutas, mas sim elevá-la a um novo patamar. A ameaça desta vez não poderia ser mais atual: uma Inteligência Artificial descontrolada, que compromete a segurança global e coloca em risco a autonomia das nações e a privacidade dos indivíduos. A escolha desse tema confere uma camada extra de tensão e relevância à narrativa, que dialoga diretamente com as preocupações do nosso tempo.

Tom Cruise entrega mais uma vez uma performance física impressionante. Aos 60 anos, o ator demonstra vigor e comprometimento, realizando sequências de ação que desafiam os limites do que se espera de um astro veterano. A cena de perseguição em Veneza e o salto de moto em um penhasco já entram para a lista de momentos memoráveis da franquia, não apenas pela escala e pela execução técnica, mas pela carga emocional que carregam.

O roteiro, coescrito por McQuarrie, é eficiente ao amarrar os diversos elementos da trama, mesmo que, em alguns momentos, a complexidade das subtramas e a quantidade de personagens secundários acabem diluindo o foco. A introdução de novos aliados, como a misteriosa Grace (interpretada com charme e ambiguidade por Hayley Atwell), adiciona frescor ao grupo, enquanto veteranos como Ving Rhames, Simon Pegg e Rebecca Ferguson reforçam o núcleo familiar que acompanha Ethan Hunt.

Outro ponto alto é a direção de McQuarrie, que combina uma mise-en-scène clássica, com foco em planos abertos e cenas de ação limpas, com o uso estratégico de efeitos visuais e práticos. O cineasta entende que a força da franquia está na fisicalidade das cenas, na coreografia bem pensada e na credibilidade que se estabelece com o espectador. Por isso, cada sequência é planejada com esmero, privilegiando o impacto visual e a tensão dramática.

A trilha sonora de Lorne Balfe complementa bem a atmosfera do filme, alternando momentos de pura adrenalina com outros mais introspectivos. A clássica melodia tema é reinterpretada com vigor, surgindo nos momentos-chave para elevar a emoção e reforçar a identidade da franquia.

No entanto, “O Acerto Final” não é isento de falhas. A duração extensa do filme, com mais de duas horas e meia, pesa em alguns trechos, especialmente nas cenas de exposição que buscam explicar o funcionamento da Inteligência Artificial e os interesses geopolíticos em jogo. Além disso, a necessidade de preparar terreno para a continuação — já que o filme é parte de uma história dividida em duas partes — faz com que algumas resoluções fiquem em suspenso, o que pode frustrar parte do público que esperava um desfecho mais conclusivo.

A escolha de colocar a Inteligência Artificial como vilã é pertinente, mas o filme poderia ter se aprofundado mais nas implicações éticas e filosóficas dessa ameaça. Embora a narrativa aborde a manipulação dos sistemas globais e o risco do controle absoluto, essas questões acabam sendo tratadas mais como pano de fundo para a ação do que como centro da reflexão.

Por outro lado, a relação de Ethan Hunt com suas escolhas ganha uma camada interessante. A frase-chave do filme, “nossas vidas são definidas pela soma das nossas escolhas”, reverbera ao longo da trama, reforçando o dilema do protagonista: salvar o mundo ou proteger aqueles que ama. Essa dualidade é bem explorada, especialmente em cenas em que o passado de Ethan retorna para assombrá-lo, incluindo confrontos com antigos inimigos que tentam destruí-lo novamente.

O vilão Gabriel (Esai Morales) é um acréscimo interessante à galeria de antagonistas da franquia. Sua conexão pessoal com o passado de Ethan confere motivação e tensão adicionais, embora, em alguns momentos, o personagem careça de maior desenvolvimento psicológico.

A fotografia do filme merece destaque, com locações deslumbrantes que vão de desertos escaldantes a cidades europeias históricas, todas captadas com um olhar estético apurado. A escolha das locações não é apenas decorativa, mas funcional à narrativa, criando ambientes variados para as diversas sequências de ação.

Um dos aspectos mais positivos de “Missão Impossível – O Acerto Final” é o equilíbrio entre espetáculo e emoção. Mesmo com as cenas grandiosas de destruição e perseguição, o filme nunca perde de vista a humanidade de seus personagens. Ethan Hunt, com todas as suas habilidades sobre-humanas, continua sendo um homem movido por valores, lealdade e afeto, características que o diferenciam de muitos heróis frios e calculistas do cinema de ação.

Além disso, o filme valoriza o trabalho em equipe, reforçando que as missões impossíveis só são possíveis graças à união de pessoas com diferentes habilidades e personalidades. Esse espírito coletivo é um dos traços mais marcantes da franquia e se mantém forte neste capítulo.

A tensão é mantida ao longo de quase toda a projeção, com sequências que alternam bem entre momentos de respiro e explosões de adrenalina. O clímax, ambientado em um trem em movimento, é um espetáculo técnico e dramático, remetendo aos grandes momentos do cinema clássico de ação.

Em suma, “Missão Impossível – O Acerto Final” é um filme que honra o legado da franquia, atualizando suas premissas para um mundo cada vez mais tecnológico e interconectado. Apesar de alguns tropeços em ritmo e aprofundamento temático, o longa se destaca pelo espetáculo visual, pela competência técnica e pela entrega total de seu elenco.

Com mais este capítulo, Tom Cruise reafirma seu compromisso com o cinema de ação, provando que ainda há fôlego para histórias que combinem adrenalina, emoção e reflexão. E, claro, deixa o público ansioso para o desfecho dessa missão, que promete ser ainda mais impactante.

Nota: 4,0 / 5 ★★★★

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