“Um Maluco no Golfe 2” chega com o peso da nostalgia e a difícil missão de reviver um clássico da comédia esportiva dos anos 90. Adam Sandler retorna ao papel de Happy Gilmore, um personagem que o consagrou como ícone do humor pastelão com coração. Mais de duas décadas depois, o filme tenta equilibrar o charme da história original com as exigências do público atual — nem sempre com sucesso.
Agora mais velho e distante dos campos de golfe, Happy é apresentado como um pai dedicado, ainda que um pouco perdido. A motivação emocional que move a trama — ajudar sua filha Vienna a pagar os estudos de balé — oferece uma profundidade que não existia no filme original. No entanto, essa carga dramática muitas vezes entra em conflito com o tom escrachado que sempre definiu a franquia.
O roteiro não arrisca muito. Seguimos mais uma vez a estrutura do “underdog”: o retorno do herói desacreditado que precisa provar seu valor em meio a um cenário competitivo e hostil. O arco de redenção de Happy é funcional, mas excessivamente previsível. A história parece uma colagem de momentos do primeiro filme com toques modernos que nem sempre se encaixam bem.
Grande parte do humor do filme recai sobre piadas físicas, gritos exagerados e situações absurdas que já não têm o mesmo impacto. O timing cômico de Sandler ainda existe, mas é sabotado por um roteiro que não evolui junto com o personagem. Muitas piadas soam recicladas, e outras tentam se atualizar forçadamente, resultando em constrangimento ao invés de risadas.
A presença de Bad Bunny como uma espécie de antagonista moderno é curiosa, mas não acrescenta muito. Sua atuação é carismática, mas superficial. Julie Bowen retorna como Virginia, agora mais contida, quase apagada. Christopher McDonald, como Shooter McGavin, aparece apenas como fan service — e até isso parece mal aproveitado. Ben Stiller, em uma ponta como o ex-enfermeiro maluco de “O Paizão”, surge como alívio cômico, mas seu papel não tem função real na trama.
Ao contrário do primeiro filme, que fazia do golfe algo vibrante e até eletrizante, esta sequência parece perder o fôlego nas cenas esportivas. Falta emoção, criatividade nas jogadas, e até a trilha sonora parece desanimada. O aspecto técnico é simples demais, com cortes genéricos e direção pouco inventiva. As competições servem apenas como ponte para os dramas pessoais e piadas, mas sem o impacto visual necessário.
Embora a relação entre Happy e sua filha tenha potencial, o filme raramente encontra equilíbrio entre emoção e comédia. Os momentos mais sentimentais são atropelados por piadas fora de hora ou pela necessidade de manter o ritmo cômico, o que enfraquece a força da história principal. Faltou coragem para realmente desenvolver esse lado dramático.
Há várias referências ao primeiro filme, desde a música-tema até cenas quase recriadas quadro a quadro. Embora agradem os fãs mais saudosistas, esses momentos reforçam a sensação de que o filme depende demais do passado, sem construir algo novo ou memorável por si só.
A trilha sonora, antes vibrante e cheia de personalidade, aqui é esquecível. A estética visual é genérica, com cenários artificiais e direção de arte pouco inspirada. O figurino de Happy, ainda preso ao passado, acaba sendo o único elemento estético que realmente remete ao original.
“Um Maluco no Golfe 2” tinha tudo para ser uma carta de amor aos fãs e uma nova chance de mostrar o talento cômico de Adam Sandler em um de seus personagens mais icônicos. No entanto, o filme se perde em sua própria zona de conforto. Ao não arriscar, não emocionar e nem divertir de verdade, entrega uma continuação morna, que parece feita mais por contrato do que por paixão.

★★☆☆☆ (2/5)
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