“Um Slasher Sem Susto e Sem Personalidade” – Eu Sei o Que Vocês Fizeram no Verão Passado

Filmes Veredito Geek

O slasher Eu Sei o Que Vocês Fizeram no Verão Passado, originalmente lançado em 1997, tornou-se um clássico cult do terror adolescente. Infelizmente, essa nova tentativa de reviver a franquia, ao invés de homenagear sua origem, tropeça em uma sequência de erros que comprometem completamente sua proposta. O que poderia ser uma atualização ousada se transforma em uma colcha de clichês previsíveis, personagens rasos e direção sem identidade.

Desde os primeiros minutos, o roteiro mostra que não tem nada novo a oferecer. Cinco amigos atropelam alguém, decidem esconder o crime e juram silêncio. Algum tempo depois, começam a ser perseguidos por um assassino mascarado. Essa fórmula poderia funcionar — afinal, ela funcionou antes — mas aqui ela é conduzida de forma burocrática e sem qualquer senso de novidade.
Os diálogos são artificiais, repletos de frases expositivas e reações inverossímeis. As reviravoltas, quando surgem, são preguiçosas, e o mistério por trás do assassino é tão mal construído que se torna irrelevante antes mesmo de ser revelado.

O elenco principal não consegue gerar empatia em nenhum momento. Os cinco protagonistas são arquétipos ambulantes: o atleta, a garota popular, o nerd retraído, a rebelde e o bom moço. Nenhum deles tem profundidade suficiente para nos importarmos com seu destino. Quando um deles morre, a reação é menos de choque e mais de alívio por não ter que aturar sua presença insossa.
Além disso, a dinâmica entre eles é forçada. As amizades parecem forjadas, os conflitos são artificiais e as cenas dramáticas, ao invés de emocionantes, beiram o constrangedor.

Em um filme de terror, espera-se ao menos tensão ou sustos genuínos. Aqui, não há nenhum dos dois. As cenas de perseguição são filmadas sem criatividade, e o assassino, longe de ser ameaçador, parece uma caricatura do que já vimos dezenas de vezes.
O uso do gancho como arma deveria ser icônico, mas é tão mal aproveitado que se torna risível. A trilha sonora tenta empurrar sustos onde não há atmosfera, e o trabalho de som é tão previsível que até os “jump scares” falham miseravelmente.

A direção parece seguir um manual genérico de filmes de terror do século XXI, sem qualquer traço autoral. A fotografia é escura e sem vida, com cenas noturnas que dificultam a visibilidade dos acontecimentos.
Não há senso de estilo, nem criatividade na montagem. Algumas cenas parecem recicladas de outros filmes melhores. A narrativa segue um ritmo arrastado no segundo ato e se apressa no terceiro, sacrificando qualquer desenvolvimento real de personagem ou atmosfera.

O filme tenta, de forma oportunista, resgatar a mitologia do original ao mencionar o Massacre de Southport de 1997. A presença dos sobreviventes do primeiro filme soa como um fan service forçado, sem qualquer peso narrativo real.
Ao invés de criar uma conexão orgânica com o passado, a trama apenas recicla elementos icônicos de forma vazia, esperando que o público sinta nostalgia — mas o que sentimos, na verdade, é frustração.

O elenco jovem até se esforça, mas claramente carece de uma direção de atores mais firme. As reações às mortes, ameaças e revelações são inexpressivas, e falta química entre os membros do grupo.
As participações especiais dos veteranos são desperdiçadas, usadas apenas como chamariz promocional, e não agregam à narrativa. É como se os produtores quisessem apenas preencher uma cota de nostalgia sem se preocupar com coerência.

Temas como culpa, luto, responsabilidade e amizade são sugeridos, mas nunca aprofundados. A trama poderia usar o trauma como motor narrativo, mas opta por abordagens rasas e moralismos vazios.
Ao invés de provocar reflexão, o filme se contenta em seguir fórmulas, perdendo a chance de se tornar algo mais significativo.

O filme apresenta um ritmo extremamente irregular. O início se arrasta com diálogos desnecessários, o meio é uma repetição de perseguições mal executadas, e o final tenta apressar a resolução com explicações jogadas às pressas. A edição, por vezes, dificulta a compreensão espacial das cenas, e a montagem não consegue construir tensão. Algumas transições são abruptas e prejudicam o fluxo da narrativa.

A revelação do assassino é previsível para quem viu qualquer filme do gênero nos últimos vinte anos. Não há surpresa, nem catarse. O confronto final é anticlimático, sem impacto emocional ou visual.
A tentativa de abrir espaço para uma sequência soa como desespero por franquia, e não como encerramento de uma história.

Eu Sei o Que Vocês Fizeram no Verão Passado (2024) falha em praticamente todos os aspectos: roteiro, personagens, direção, atmosfera e impacto. Ao tentar ressuscitar uma franquia clássica, esquece que não basta repetir fórmulas antigas — é preciso reinventá-las com inteligência e respeito ao público.
O filme não assusta, não emociona e não diverte. É um produto genérico embalado na nostalgia, mas vazio por dentro. Uma oportunidade desperdiçada para honrar uma das sagas mais queridas do terror adolescente.

★☆☆☆☆ (1,5 de 5)

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